Um ser enigmático
Tomado pela fúria
Insanidade talvez
Com gosto de poder
De braços abertos
De braços abertos
Apontava para um tabuleiro
No meio da sala me coloquei
Sem escolha
Fervilhando na mente seu potencial
Presa no anagrama
Que formava meu próprio nome
Forjava ele uma peça?
Não
Um jogo obrigatório
Com duas etapas
Começar e nunca falhar
Sem término, sem razão
Me forçando contra parede
Me falava com os olhos
Um comando mudo
Sem drama em sua força
Cautelosamente me esquivei
Sabendo eu que não mais sairia
Um jogo de morte
Um cavalheiro capaz
Das mais profundas doses de medo
Sabendo sua vontade insaciada
Delírios me passavam a mente
Calculava seus instintos
Não dava, não via mais nada
A sede aumentava
A fome me comia
Os desejos pútridos
Um homem de façanhas
Sem face, sem nome
A verdadeira honra me vinha
Uma ponta de lâmina podia sentir
A fuga já não mais existia
A vontade da criatura se saciava
Apenas com isso
Uma forte tempestade nos olhos
Era medo?
Era fome
Fome do líquido de mulher
De gosto amargo sem odor
Intenso e vicioso
Me arrancava os pedaços
Acabara ali
O temor fugia
A fome foi trocada pelo suor
A sede cedera
A escuridão aumentara
E nada ainda via
Depois de todos toques mudos
Depois de tanto tremer as mãos
Por mais firme que fosse
Saciara-se
Me deixando ali
De pernas ainda arreganhadas
Face coberta por um manto qualquer
Algemada e amordaçada
Largada com a insanidade
Presa no desejo de nunca sair
Percebendo tudo
Foi definitivo
Adeus
Game over e nada mais